Preocupado com a situação interna do PS, e com a deterioração da vida política do nosso País, um grupo de militantes socialistas entendeu, em Dezembro último, criar um Movimento e propor uma alternativa ao próximo Congresso do Partido. Mais que sede do poder, animava-os a vontade de lançar o diálogo em torno de temas que preocupam a maioria dos portugueses e, também, a de libertar José Sócrates da ingrata tarefa de dirigir um Partido que, como denunciou Mário Soares, se desviou dos seus fundamentos históricos.
Logo proibidos de utilizarem as instalações da Sede Nacional do PS, e alvo de outros entraves e limitações, entenderam alguns desses militantes não existirem condições para continuar, enquanto outros resolveram juntar-se à candidatura de António Brotas. Aí, tiveram o cuidado de promover a discussão interna, aceitando os debates propostos e convidando as outras candidaturas para iniciativas comuns. Infelizmente, apenas os socialistas madeirenses colaboraram e só a Concelhia de Coimbra se dignou promover um debate, entre as quatro listas. Em nosso entender, o PS perdeu assim uma excelente oportunidade para se reforçar, e se arejar, com novas propostas. É um facto que, em véspera de eleições – e enquanto o Partido cai nas sondagens - a comunicação social foca a sua atenção na campanha eleitoral do Sporting, e isola o PS.
Lamenta-se esta situação, uma vez que o País precisa do PS e o PS, e José Sócrates, precisam de todos os socialistas de boa vontade. E, também, porque interessa lançar o debate sobre as propostas contidas no nosso Manifesto: desde logo, a questão do despesismo e do emagrecimento drástico do Estado Democrático, que entretanto o PSD e o CDS assumiram timidamente; mas, em agenda, haveria ainda o silêncio do Partido perante as fraudes dum BPN que continua à deriva, a falta de rumo na Justiça que impede qualquer saída para a crise e o adiamento da reforma escolar; a que acresce o corporativismo instalado na nossa Administração Pública e Autárquica, maleita que sufoca a iniciativa dos cidadãos e compromete o futuro da juventude.
Eram estes, para além da transparência das contas públicas, alguns dos temas que pretendíamos introduzir na agenda do PS e dos portugueses, dignificando o nosso Partido e a vida política. Goradas essas nossas boas intenções, resta-nos apelar aos militantes, e aos cidadãos em geral, para que se mobilizem em torno destas bandeiras, agora e no futuro.
Cândido Ferreira – Primeiro subscritor
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